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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Tema: Gêneros Discursivos – Da Teoria à Prática
Responsável: Thais Alencar Baptista Nunziata (Assessora Pedagógica)
Os três eixos teórico-metodológicos da Olimpíada de Língua Portuguesa
Considerações sobre o pensamento de Mikhail Bakhtin

Mikhail Bakhtin é considerado um filósofo da linguagem, pois desenvolveu pesquisas que visavam entender der o exercício da linguagem humana por parte dos indivíduos inseridos em um contexto histórico. Devido a isso nada é, em sua obra, definitivo, nada está estabelecido permanentemente, tudo oscila com as alterações do quadro histórico, em que as ações humanas se desenrolam.

Para ele a única forma de entendermos o fenômeno da linguagem humana é analisarmos o exercício da fala/escrita em sociedade. A língua falada/escrita utilizadas, nas casas e nas feiras, na rua e na igreja, no quartel e no escritório, nos barzinhos, bailes e no bordel.

E é exatamente por este motivo que ele não aceita a concepção de que uma língua seja um conjunto de códigos linguísticos e suas regras de combinação (sintaxe). Para alguns, este código (palavra) é uma relação entre um significante (um som, uma imagem acústica e um significado (um conceito)). Um exemplo disso: se alguém pronuncia a palavra mesa, automaticamente você imagina a figura do objeto. Já para Bakhtin um código linguístico (signo), provisoriamente, não tem um significado, mas receberá tantas significações quantas forem as situações reais em que venha a ser utilizado por indivíduos sociais e historicamente localizados.

É válido citar também que já ele aborda a linguagem e não a língua, a unidade básica do estudo não pode ser o código (signo), mas o enunciado. Afinal, o código (signo) não existe por si só, para ter verdadeira significação ele exige a presença de um enunciador (quem fala, quem escreve) e de um receptor (quem ouve, quem lê). O código, estanque num dicionário não é enunciado e para tornar-se um, deve ser utilizado em um tempo determinado, ser produzido por um sujeito histórico e recebido por outro.

Outro ponto importante que merece atenção é a construção do enunciado, no qual observamos que existem duas dimensões distintas e complementares: de um lado, existe a materialidade técnica do texto e, de outro, aquilo que escapa aos limites de língua, para ascender ao plano da linguagem. Nas palavras do próprio Bakhtin:

“Portanto, por trás de cada texto está o sistema da linguagem. A esse sistema correspondem no texto tudo o que é repetido e reproduzido e tudo que pode ser repetido e reproduzido, tudo o que pode ser dado fora de tal texto (o dado). Concomitantemente, porém, cada texto (como enunciado) é algo individual, único e singular, e nisso reside todo o seu sentido (a sua intenção em prol da qual ele foi criado). É aquilo que nele tem relação com a verdade, com a bondade, com a beleza, com a história.” (Bakhtin. Mikhail. Estética da Criação Verbal. Tradução de Paulo Bezerra, edição eletrônica).

Um comentário:

  1. este texto foi escrito pela assessora pedagógica do Departamento de Ensino de Itanhaém Thais Alencar Baptista Nunziata.

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